Passo a passo
⚠️ Antes de começar qualquer exercício, observe bem a geomorfologia e a geologia no mapa. Tente entender como as camadas se comportam em relação ao relevo.
Vamos fazer isso juntos?
Passo 1- Entendendo o relevo:
A região possui um relevo suave, com um morro a leste com cota próxima de 700m e um morro mais íngreme a oeste (note como as curvas de nível são mais próximas, indicando maior inclinação), também na cota 700. Esses dois morros formam uma sela (área que conecta dois picos) no sentido leste-oeste ao norte do mapa. Essa sela funciona como divisor (área que separa duas bacias hidrográficas), desenhando um vale que se estende tanto para o norte quanto para o sul. Esses vales têm direção norte-sul e estão mais próximos do morro a oeste.
Figura 1: Mapa geológico colorido. Extraído de Bennison & Moseley (2006).
Passo 2 - Entendendo o comportamento das camadas:
Os contatos entre as camadas não seguem paralelos às curvas de nível, o que indica que as camadas não são horizontais, mas inclinadas. Com isso, podemos aplicar a Regra dos Vs para identificar a direção do mergulho das camadas. Vamos observar de perto o contato entre o Arenito (T) e o Calcário (S) a leste do mapa.
Imagine que você está caminhando sobre esse contato, começando pelo ponto P1 e seguindo para W (como indica a seta vermelha partindo de P1 na Figura 2). Primeiro, você subiria até a cota 700, atingiria o topo e, em seguida, começaria a descer em direção ao vale principal. Ou seja, o contato TS está “descendo” nas cotas na direção geral S.
Agora, imagine que você sai do ponto P2 a W e também desce da cota 700m em direção ao vale, você também “descerá” na direção geral S (seta vermelha partindo de P2 - Figura 2 ).
Em ambos os casos, a cota do contato diminui para S, formando um "V" apontando para S. Isso indica que o mergulho das camadas tem direçao geral para Sul, como indica a seta verde na Figura 2.
Figura 2: Mapa geológico colorido. Extraído de Bennison & Moseley (2006).
Passo 3 - Entendendo a ordem estratigráfica:
Sabemos que as camadas tem mergulho geral para S. assim é fácil perceber que as camadas que afloram a sul estão estratigraficamente acima das camadas que afloram ao norte. Entenda melhor nas Figuras 3 e 4:
Assim, no mapa dado, a camada de Conglomerado (P) é o topo da sequência (mais nova, última a ser depositada) e a camada U é a base (mais antiga, primeira a ser depositada).
Figura 3: Mapa com camadas mergulhando para Sul.
Figura 4: Modelo 3D de camadas mergulhando para S mostrando a posição relativa das camadas. Destaque para as camadas U (abaixo de todas) e P (a cima de todas).
Agora que você já fez uma leitura detalhada do mapa e compreendeu a geologia da área, é hora de passar para as questões propostas!
Vamos por partes:
Observe que o exercício (Figura 5) forneceu uma Linha de Strike (LS) que passa pelos seguintes contatos :
Conglomerado (P) - Argilito (Q) na cota 400m (PQ 400)
Argilito (Q) - Marga (R) na cota 200m, em dois pontos (QR 200)
Partindo dessa LS inicial, e sabendo que as LS são equidistantes e paralelas entre si, use os esquadros para traçar as demais LS no mapa.
Figura 5: Mapa geológico colorido. Extraído de Bennison & Moseley (2006).
1.Trace todas as LS e identifique cada uma conforme mostrado na Figura 6.
Observe que os valores das LS diminuem em direção ao sul, indicando que a direção de mergulho (perpendicular às LS) é para o sudeste, conforme a regra dos "Vs" nos mostrou na observação inicial.
Observe também que as LS comprovam a camada de Conglomerado (P) como topo da sequencia sedimentar. As LS sobrepostas de PQ 400 e QR 200 (em preto) indicam que o contato PQ está 200 metros acima do contato QR, confirmando que a camada P está acima das camadas Q e R.
Nesas mesmas LS, é possível determinar a espessura vertical da camada Q: como o contato PQ (que é o topo de Q) está na cota 400 e o contato QR (que é a base de Q) na cota 200, isso indica que a espessura vertical de Q (topo-base) é de 200 metros.
Observando as Linhas de Strike (LS) para os demais contatos, é possível medir a Espessura Vertical (Ev) das outras camadas, com exceção da camada P (não temos o valor do topo) e da camada U (não temos o valor da base): QEv= 200m, REv= 300m, SEv= 100m , TEv= 500m.
Figura 6: Linhas de strike de cada contato em mapa, todas identificadas, parraleras e equidistantes entre si.
2. Determine a atitude das camadas (direção e ângulo de mergulho) incluindo o ângulo de mergulho aparente.
A partir das LS traçadas, é possicel determinar o azimute da direção de mergulho. Sabemos que a direção de mergulho é perpendicular ao strike. Assim, use um transferidor para medir o ângulo entre o Norte e a direção de mergulho que deseja definir, conforme ilustrado na Figura 7.
Os ângulos de mergulho real e aparente são obtidos a partir dos cálculos mostrados nas Figuras 8 e 9. Observe que, para determinar o ângulo real, mede-se a distância "d" entre duas LS. Já o ângulo aparente é calculado ao longo de uma seção específica; no caso do mapa da Figura 3, a distância "d" entre duas LS deve ser medida ao longo da seção A-B.
Figura 7: Mostra as medidas (d) entre as LS para o calculo do mergulho real e aparente do azimute do mergulho (em azul).
Figura 8: Calculo do mergulho real com base em calcilos trigonométricos a partir das medidas d e do intervalo entre as LS (100).
Figura 9: Calculo do mergulho real com base em calcilos trigonométricos a partir das medidas d e do intervalo entre as LS (100).
3. Construa a seção A-B usando as LS.
Antes de construir a seção, observe com atenção!
A seção que vamos traçar é a A-B, que segue na direção NW-SE (começando em A e indo até B, sempre na ordem alfabética).
Passo 1: Construa a seção topográfica A-B. Se precisar de ajuda, relembre como fazer a seção topográfica clicando aqui.
🔎Lembre-se: a seção vai de NW para SE. Observando o mapa no início, você identificou que o mergulho geral das camadas é para Sul. Isso significa que, na sua seção topográfica, os contatos geológicos devem ter inclinação para o SE.
Passo 2: Após construir a seção topográfica, aplique a mesma técnica para projetar as LS dos contatos na seção. Na Figura 10, usamos o contato TU como exemplo. Cada ponto onde a LS do contato TU é cortada pela seção A-B deve ser marcado na seção. A união desses pontos formará o contato TU.
Repita o procedimento para todos os contatos até completar a seção, como mostrado na Figura 11.
⚠️Sempre construa a seção na mesma escala do mapa.
Figura 10: Construção do contato entre Arenito (T) e Siltito (U) com base nas LS TU traçadas e identificadas no mapa.
Figura 11: Seção geológica A-B completa.
4. Construa a coluna estratigráfica.
Para criar a coluna estratigráfica, comece determinando a espessura real de cada camada, como demonstrado na Figura 12. Para isso, use a espessura vertical (Ev), já determinada na Proposta 1, e a fórmula aprendida na seção III.Linhas de Strike e cálulos de ângulo e espessura de camada.
🔎 Observe que as camadas P (topo) e U (base) têm espessuras estimadas a partir das Ev parciais obtidas na seção (veja na Figura 11). Isso ocorre porque o topo da camada P e a base da camada U não são conhecidos.
Com as espessuras reais, organize as rochas sedimentares na ordem estratigráfica, levando em conta tanto a espessura real quanto a escala granulométrica, como aprendido em Camadas Horizontais.
⚠️ Construa a coluna estratigráfica na mesma escala do mapa, como mostrado na Figura 13.
Figura 12: Cálculos da espessura real e sua equivalencia de arcodo com a escala do mapa.
Figura 13: Coluna estratigrafica respeitando a espessura das camadas e a escala do mapa.
Não esqueça de construir a legenda (na ordem estratigráfica) e a escala, como na Figura 14.
Figura 14: Exemplo de legenda e escala gráfica.